Por ti
faria a Lua florir
bem-me-queres amarelos,
tulipas vermelhas,
rosas azuis.
Bem sei
que não lhes sentirias o aroma,
assim, a tantos quilómetros de distância.
Mas que importa o aroma que sentes
se o puderes imaginar?
Bem sei
que as flores são pequeninas.
Mas eu plantaria mil delas,
mil de cada, mil milhões
e esperaria, paciente, que crescessem,
até que toda a Lua florisse para ti,
ao chegares à janela.
Bem sei
que na Lua não há oxigénio
e as flores não poderiam sobreviver,
mas eu iria todos os dias
com o peito cheio de ar
e faria respiração boca-a-pétala.
De caminho tratava das lagartas,
(menos duas ou três por causa das borboletas),
e depois entrava na atmosfera de pára-quedas
com a sensação do prazer cumprido.
Bem sei
Que as flores morreriam ao fim de dois dias
por si ou arrancadas
por quem gosta de ver brancas as paredes da Lua.
Mas nada disso importava
se ao menos duas delas conseguissem
abrir-se ao espaço
e encher de pólen as estrelas.
As flores são efémeras, bem sei.
Também eu, tu e o que sentimos.
Mas aqui e agora, a lua é da cor que quisermos.
E eu,
Eu acho que gosto de ti.