Um violino no telhado (1/2012)
Uma das minhas apostas deste ano é ler mais teatro. Sinto que o narrador é um recurso demasiado fácil e quero aprofundar essa arte de, pelo diálogo, dizer mais que as linhas. Pode dizer-se que foi um bom começo. Esta história foi um musical de sucesso, adaptado para o cinema em 1971.
Conta a história de uma família judaica onde se confrontam tradição e novos tempos. Lembrava-me de ver o filme da televisão e sobretudo desta ideia central que reli em "Do you love me?": de que o amor se faz de persistências muito para lá da paixão.
Fica o excerto desta música, no filme de Norma n Jewison, e o texto, em português:
- Golde, tenho que te contar uma coisa importante.
- Come a sopa.
- Está quente! Encontrei o Perchik com a Hodel.
- E... ?
- Bem, parece que eles gostam muito um do outro.
- E então? O que é que estás a pensar?
- Então... Resolvi autorizar o casamento!
- O quêeeeeeeeeeeeeeee?! Assim, sem mais nem menos? Sem sequer me perguntar?
- Eu é que sou o pai!
- Sabes quem é ele? Um pedinte! Não tem absolutamente nada!
- Eu não diria isso!Eu sei que ele tem um tio rico.
- Um tio rico!
- Golde, ele é um bom homem. Eu gosto dele. É meio doido, mas eu gosto dele. E o mais importante... é que Hodel gosta dele. Hodel adora-o. O que é que podemos fazer? O mundo mudou: é o amor... Tu amas-me?
- Eu o quê?!
- Amas-me?
- Se te amo?
- Sim?
- Acho que estás cansado e zangado: com tudo isto do casamento das filhas e os problemas ... Vai descansar. Deves estar doente.
- Não, Golde, fiz-te uma pergunta: amas-me?
- És tolo!
- Eu sei que sou. Mas amas-me?
- Se te amo?
- Sim?
- Há 25 anos que lavo a tua roupa, cozinho, trato da casa, dei-te filhos, ordenho a vaca ...Depois de 25 anos, vamos falar de amor porquê?
- A primeira vez que nos vimos foi no dia do casamento ...
- Eu estava com medo
- Eu estava envergonhada
- Eu estava nervoso
- Eu também
- Os meus pais diziam que iríamos aprender a amar e eu, agora, pergunto: Golde amas-me?
- Sou a tua mulher.
- Eu sei! Mas amas-me?
- Se te amo?
- Então?
- Há 25 anos que moro com ele, luto com ele, passo fome com ele. Há vinte e cinco anos que a minha cama é dele. Se isso não é amor, o que será?
- Então amas-me?
- Acho que sim...
- Eu também acho que te amo...
- Não muda nada, mas mesmo assim, depois de 25 anos é muito bom saber isso.