Acho que gosto de ti

Por ti

faria a Lua florir

bem-me-queres amarelos,

tulipas vermelhas,

rosas azuis.

 

Bem sei

que não lhes sentirias o aroma,

assim, a tantos quilómetros de distância.

Mas que importa o aroma que sentes

se o puderes imaginar?

 

Bem sei

que as flores são pequeninas.

Mas eu plantaria mil delas,

mil de cada, mil milhões

e esperaria, paciente, que crescessem,

até que toda a Lua florisse para ti,

ao chegares à janela.

 

Bem sei

que na Lua não há oxigénio

e as flores não poderiam sobreviver,

mas eu iria todos os dias

com o peito cheio de ar

e faria respiração boca-a-pétala.

De caminho tratava das lagartas,

(menos duas ou três por causa das borboletas),

e depois entrava na atmosfera de pára-quedas

com a sensação do prazer cumprido.

 

Bem sei

Que as flores morreriam ao fim de dois dias

por si ou arrancadas

por quem gosta de ver brancas as paredes da Lua.

Mas nada disso importava

se ao menos duas delas conseguissem

abrir-se ao espaço

e encher de pólen as estrelas.

 

As flores são efémeras, bem sei.

Também eu, tu e o que sentimos.

Mas aqui e agora, a lua é da cor que quisermos.

E eu,

Eu acho que gosto de ti.

 

 

 

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publicado por Nuno Cardoso Dias às 12:58 | link do post | comentar